Quando o intestino de um celíaco tem de suportar uma alimentação sem restrições, o glúten dos cereais habitualmente consumidos vai provocar alterações tão profundas que impedem o normal aproveitamento dos alimentos e levam ao aparecimento dos sintomas.
Se o glúten for retirado essas alterações desaparecem e tudo volta ao normal... Desde que o doente não deixe de cumprir a dieta!
Esta doença pode aparecer em qualquer idade desde que o glúten já tenha sido incluído na alimentação. O habitual é surgir pelo segundo ou terceiro semestre da vida (entre os 6 e os 20 meses de idade), alguns meses depois da introdução das farinhas na alimentação (papas, pão, bolachas, etc.). A criança começa a perder o apetite, deixa de aumentar de peso, torna-se triste e irritável, as dejeções começam a ser mais freqüentes, moles e volumosas (diarréia) e o abdômen (a "barriga") torna-se mais saliente e distendido.
Se o diagnóstico não for feito e a dieta instituída, a situação vai-se agravando e a criança atinge por vezes estados de desnutrição muito grave. Num pequeno número de casos os sintomas são diferentes: às vezes aparecem apenas vômitos de repetição, dores abdominais de intensidade variável, prisão de ventre ou apenas um atraso de crescimento sem explicação aparente.São sintomas que só um médico experiente associa à doença celíaca e que podem levar muito tempo para serem diagnosticadas.
Por razões que desconhecemos, as manifestações da doença são geralmente mais intensas nos primeiros anos de vida e tendem depois a diminuir de intensidade. Assim, na criança mais velha e no adolescente, as falhas na dieta não levam muitas vezes à diarréia e o doente continua a sentir-se bem. Este fato pode levar como já vimos, ao abandono do tratamento.
Infelizmente a doença celíaca não tem cura pelo que a reintrodução do glúten na alimentação determinará mais tarde ou mais cedo o reaparecimento de alguns sintomas: anemia, aumento discreto do volume do abdômen, baixa no rendimento escolar, paragem do crescimento, ausência ou perturbações da menstruação e, no adulto, baixa de fertilidade ou mesmo esterilidade. Deve, portanto acentuar-se que uma vez estabelecido com segurança o diagnóstico, A DIETA TERÁ DE SER CUMPRIDA DURANTE TODA A VIDA!!!
O que ainda não está perfeitamente esclarecido é a razão pela qual só algumas pessoas são intolerantes ao glúten e desenvolvem a doença. É natural que intervenham aqui fatores relacionados com a alimentação do indivíduo, o que poderá de alguma forma justificar a inexistência desta patologia nos países do oriente onde a base alimentar não é o trigo.
Hoje, porém não restam dúvidas de que existe uma predisposição hereditária claramente transmitida, pois as famílias de celíacos contam com um número de doentes francamente superior ao que seria de esperar na população em geral. Os estudos efetuados permitiram calcular ser cerca de 10 vezes maior o risco de reaparecimento da doença após o primeiro caso num dos pais ou irmãos.
Quando a doença existe em parentes afastados, este risco é muito menor. Será provavelmente da conjunção destes dois tipos de fatores que resulte o terreno favorável para o aparecimento da doença. Esta parece corresponder a uma perturbação do sistema de defesas do organismo que, em conseqüência disso, reagiria de forma anormal ao glúten alimentar provocando assim as alterações da mucosa intestinal e, em última análise, o aparecimento dos sintomas.
QUAIS SÃO OS SINTOMAS MAIS COMUNS?
O quadro clínico da doença se manifesta com e sem sintomas. No primeiro caso, há duas formas:
A CLÁSSICA
É freqüente na faixa pediátrica, surgindo entre o primeiro e terceiro ano de vida, ao introduzirmos alimentação à base de papinha de pão, sopinhas de macarrão e bolachas, entre outros industrializados com cereais proibidos. Caracteriza-se pela diarréia crônica, desnutrição com déficit do crescimento, anemia ferropriva não curável, emagrecimento e falta de apetite, distensão abdominal (barriga inchada), vômitos, dor abdominal, osteoporose, esterilidade, abortos de repetição, glúteos atrofiados, pernas e braços finos, apatia, desnutrição aguda que podem levar o paciente à morte na falta de diagnóstico e tratamento.
NÃO CLÁSSICA
Apresenta manifestações monossintomáticas, e as alterações gastrintestinais não chamam tanto a atenção. Pode ser por exemplo, anemia resistente a ferroterapia, irritabilidade, fadiga, baixo ganho de peso e estatura, prisão de ventre, constipação intestinal crônica, manchas e alteração do esmalte dental, esterilidade e osteoporose antes da menopausa.
ASSINTOMÁTICA
E se não houver sintomas? Há ainda, a doença na forma assintomática. São realizados nestes casos, exames (marcadores sorológicos) em familiares de primeiro grau do celíaco, que têm mais chances de apresentar a doença (10%). Se não tratada a doença, podem surgir complicações como o câncer do intestino, anemia, osteoporose, abortos de repetição e esterilidade.
FONTE: ASSOCIAÇÃO DOS CELÍACOS DO BRASIL - ACELBRA
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